terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tanto Assim (Começa a Chuva)

   Apago tudo. Esqueço tudo. Concordo tudo. Nada.
   Aí eu corro pra geladeira e pego um pouco d'água. Estava ficando escuro já, mas eu nem percebo. Tento ler alguns livros, assistir a alguns filmes, ouvir algumas músicas. Mas não. Quando a chuva começou a golpear a janela, e o vento a fazer as coisas voarem, eu não pude fazer mais nada. Nada. Os pingos de chuva que se encontravam violentamente com o chão pediam um minuto mais de reflexão. Eles imploravam que fossem ouvidos. Imploravam por atenção. E eu dei. Atenção até demais. Esqueci subitamente que aquela mesma chuva poderia estar incomodando a alguém. Esqueci-me de que aquele mesmo vento poderia estar derrubando casas, matando pessoas. Pela primeira vez, acho, na vida, consegui não me importar.
   A chuva não parava. A chuva não parava. A chuva não parava.
   A chuva parou.
   Na hora, voltei-me para o que estava fazendo. Eu não estava fazendo nada. De tudo isso, o que mais me fascinava era o seu olhar. Seu olhar totalmente despreocupado. Sua voz, mesmo em meio aos gritos inacabáveis, tranquila. Juro que fiquei inconformado. A única coisa que eu conseguia pensar era em quê daria tudo aquilo. A única coisa que tirava a calma, era o porquê de tudo aquilo. A razão que era completamente emocional. Há tempos não me sentia assim, sangrando e dormindo. Que todas as vezes em que eu te vejo, tudo que eu havia pensado a semana inteira, fica totalmente anulado, não importa mais nem um pouco. Todas as ideias que eu tinha de você, mudam.
   E, enquanto isso tudo não acabar, enquanto eu não te esquecer, enquanto eu respirar. Tudo o que eu escrever aqui será sobre você, será sobre o que ainda não existe (como eu já disse).
   E, mais uma vez, eu te amo.

3 comentários:

  1. Nossa, cada vez que leio seus textos, te admiro mais, são realmente magníficos, whatever, eu gosto *-*

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  2. Adoreiii Natoo
    *-* vc faz os melhores textos

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