Esqueço, Então, As Horas.

   Quando se fala em tempo, é impossível não pensar em sua perda. É inútil descrever com palavras exatas e mesmo com neológicas, e mesmo com ilógicas. O tempo é algo realmente - dos que eu considero mais importantes - importante; ainda que não nos importemos em perdê-lo. Então, lá estava você, no meio de toda aquela perda de tempo, no meio de todo aquele parágrafo inexorável, no meio de toda aquela expressão quase falha de amor. Lá estava você, em cima de tudo aquilo que eu havia criado pra mantê-la longe, em cima de palavras, em cima de argumentos, em cima das desesperanças. Lá estava você.
   Me deixou completamente sem palavras, na hora. Fiquei pensando em por quanto tempo ainda permaneceria por ali. Quieto. Silencioso. Calorento. É, o calor. Que fica sempre mais intenso quando você está por perto. Que fica sempre mais preocupante quando você vai chegando. O tempo parara ali. Inerte, solitário, ingramático, intolerável. O tempo parara e não voltara. Não voltara a correr como antes, não mais. Ele passava cada vez mais rápido, e mais rápido, e mais rápido. Em um simples jogo de olhares e algumas palavras preditas. Em um simples trocar de órbitas. Você estava lá.
   E eu. Eu estava no lugar que NUNCA deveria ter saído. Eu não estava. Eu não ficava. Eu não falava. Eu não. Talvez o medo, a dúvida; talvez a insatisfação. Todas as coisas que vão embora sempre que me encontro ao seu lado, ali, apenas ali.

   Bom, não poderia, em hipótese alguma, passar esse dia sem escrever o que em sonhos me acordou e me fez novamente dormir.
  
"E eu vim aqui só pra dizer, que eu sou louco por você."