segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cento e Setenta e Nove Mil Horas Pra Sei Lá O Quê

   Inglaterra, 06 de julho de 1675, 09:13.
   Os olhos se abriram rapidamente da grande luz que ocultava a visão, que, sem ao menos perceber, foi se perdendo por aí. Acordadamente de uns sonhos esquisitos de infância, o coração foi batendo tão rápido que mal se podia respirar; já era hora. O amor conseguiu, mais uma vez, matar dolorosamente alguém, ou alguma coisa, sem esperança, nenhuma.
   O relógio havia caído na tentativa de se apoiar em algo, estava tudo escuro. A TV, ainda ligada da noite anterior, dava a falsa direção a ele, mas ainda sim, sem nenhuma certeza. Era uma pena.
   De ouvir certas coisas, ainda se fizera de espertalhão, e desceu a escada deitado. Com os olhos ainda abertos, numa fracassada tentiva de encontrar a parede, se debruçou na estante e tentou levantar, mais ainda assim, sem nenhuma certeza. Certeza tão insuficiente, que, com o tempo, ela foi se tornando nula.
   Com os olhos ainda abertos, decidiu dizer suas últimas palavras, antes que eles se fechassem:
   - I'm sorry, I was wrong, all the time. Please, sorry..
   Elas não bastaram, e ele se deitou (em cima da estante), vestindo apenas suas roupas íntimas, e um cigarro no bolso de trás. Dizem que ele ficou bem. Dizem que ele ficou sem.
   DIZEM QUE ELE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário